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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Razão emocionada, emoção racional




De quando em vez, conversando, me sinto impelido a falar sobre meu processo de escrita, o que busco, do que fujo ao escrever e criar.

E a clássica moeda com suas duas faces opostas é metáfora e tema onipresente: razão X emoção. Os artistas em geral e em particular os poetas lidam com que matéria-prima e com que frequência e em que proporções?

Gosto pessoal varia. Há quem valorize a arte resultante da pura e exclusiva emoção. Há quem, em oposição, prefira a razão como norteadora nesse processo. Eu, particularmente não entendo essas duas forças como excludentes e nem aritmética de percentuais de cada que devem, podem ou não podem ser agregados.

Então meu processo de construção de textos é basicamente assim: o fio condutor da narrativa e da minha criação é muito racional e isso pode ser notado na lapidação de sonoridades, no encaminhamento de pulsações, no lidar com a palavra não só a considerando em seu aspecto semântico, mas também  enquanto significante sonoro. 

Mas tenho sempre em perspectiva que este processo não precisa  fechar as portas para impedir que a emoção penetre e diria que este é um dos pilares que sustentam meu prazer da escrita, imprimir a meus textos o zelo e o gosto pela forma, pelo som, pelos jogos de palavras, simultaneamente ao escoar dos sentimentos de modo a que eles permeiem e se interpenetrem na forma, ideia e emoção, pensamento e sentimento fundidos na medida do possível.

Nem é uma convivência entre "opostos". É como se ambos fossem uma coisa só, uma coisa estando latente dentro da outra.
Expurgar um pra que só fique o outro não costuma resultar na melhor poesia.  Poesia não lapidada, não construída de modo a justificar o dom que a poesia tem de ser linguagem singular que fala como nenhuma outra, se só movida pela emoção é um vaso tosco, poder ter até alguma funcionalidade, mas abre mão de ser singular. Por outro lado, um poema que só exibe técnica, razão e artifícios não toca, não perturba e nem enternece.

Como poeta, busco sempre essa dualidade e essa busca me move e provoca. Quando me dou conta de que um poema que escrevi resultou nessa moeda de duas faces, razão e emoção num idílio, fico contente.

Na arte, na vida, no amor, há que haver os sentires com a razão e os pensares com a emoção. Senão  seremos sempre só fragmentados e nosso partido será sempre o do coração partido.
          
 
                        

3 comentários:

  1. Neste colóquio consigo mesmo, nestes auto- carinhos, se abastece; nestas conversas sozinho, os pensamentos crescem, ganham maturidade, nesta única amizade. Uma solidão que tem prazo pra acabar, quando novos versos brotarem, novos sorrisos surgirem, novos sentimentos povoarem seus pensamentos. E neste confinamento, a contento, haverá de sorrir, nem que seja por um único momento.

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    1. Obrigado pelo belo comentário em tom poético, Neusa! E obrigado por prestigiar meu blog.

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    2. Obrigado pelo belo comentário em tom poético, Neusa! E obrigado por prestigiar meu blog.

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