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domingo, 1 de novembro de 2015

Tempo tempo tempo


O tempo, tema muito recorrente na minha poesia, é uma fabulação concreta de algo abstrato. As ampulhetas e os relógios digitais atômicos registram unidades disso e nos fazem crer nessa concretude.


Crono é um escravagista cruel das nossas vidas, ações, destinos. Cada vez que temos o lampejo de percepção de sua passagem, seu avanço, angustiados, estremecemos.
E assim nos apegamos a segundos, minutos, horas, dias e anos e séculos e eras e vivemos em função desses fragmentos mensuráveis.

O tempo acelera ou ralenta de acordo com nosso tédio ou fome sôfrega de viver. Nosso tempo interno, chamado tempo paradigmático, muitas vezes se revela incongruente com o chamado tempo cronológico. Nosso ritmo interno, nossa psicologia briga com o relógio e dessas refregas sempre resulta a sensação de perda e impotência diante do inexorável. É o triunfo de Crono sobre nossa natureza mortal e impermanente, nossa fugacidade.

Um andítodo humano pra essa opressão contínua é “congelar” o tempo com alguma vivência marcante e memorável, que proporciona transitórias sensações de o tempo parar, eternizar o momento pra que possamos fruí-lo de forma plena em sua pequena grandiosidade.

E depois nos resta a memória.






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