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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Poemusicais

Anos atrás, Chico Buarque de Hollanda, numa longa entrevista a uma jornalista e que se transformou num livro da série “Perfis do Rio”, revelou que não se considera um poeta porque suas canções nascem sempre na melodia e só no final surge a letra superposta à música. Discordo dele quanto a não se considerar poeta, já que suas letras quando lidas têm estatura de poemas. Curiosidades à parte, a questão que se levanta é a da musicalidade na poesia.

Não é incomum nos depararmos com textos onde a boa sonoridade e o ritmo envolvente estão quase ausentes. É bem verdade que a musicalidade, que é requisito da forma, é um dos vagões de uma locomotiva chamada conteúdo, mas ainda assim há que ter zelo também pela forma, sob risco de produzirmos poesia rica em significado, mas sonoramente pobre, relatório, bula, memorando.

Um bom caminho pra se perceber se um poema (e eu ousaria afirmar que também a prosa) é dizê-lo em voz alta. Um texto rico em significado, mas também com bom ritmo, tônico, com boas pausas, bom som, flui, soa empático com o ouvido.

É oportuno lembrar que na mitologia grega, as 9 Musas – de onde se originou a palavra música -  eram entidades inspiradoras dos poetas. Aliás na Grécia Antiga não se fazia clara distinção entre música e poesia e os poetas, os bardos, diziam seus poemas cantando.


Voltando ao mestre Chico, que não se considera poeta, eu analogamente diria que o poeta que imprime a seus versos musicalidade, deveria se considerar e ser considerado também um compositor, que faz música só com palavras, que põe versos pra (en)cantar.



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