Importante
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sábado, 26 de janeiro de 2019
sábado, 19 de janeiro de 2019
Cheque em branco
Cada
amanhecer é uma folha em branco e sua virgindade. Temos certa liberdade para
imprimir nela o mesmo de antes ou o novo. Cabe o garrancho, a caligrafia, cabe
ensaio e poesia. A palavra sempre cabe. Porque ela escorre, se infiltra,
córrego ou rio caudaloso, placidez ou correnteza. As palavras estão ocultas
pelo ofuscamento da claridade matutina. Prefiro a inquietação convertida em
inquietude da perseguição ao sentido que se expressa pelo verbo. Mas o verbo
neologístico, de preferência. Prefiro aos
silêncios, desses que nada acrescentam. Faço picada, abro a facão, dou forma à
trilha, ainda que não vá dar em nada, lugar algum. A folha em branco que reluz
manhã não é pra ser despejo, foz do que se originou do pensado e prévio. Que a
folha sem mácula seja insolente e nos provoque, nos esbofeteie e chame para o duelo, nos tire da
zona de conforto tantas vezes apelidada de inspiração, que nos ponha pirados
por desinspirados e que nos resgate da mesmice, da bula e receita, do não ruim
que não é bom, do que só adorna e não entorna, fogo que só amorna. Novo dia,
renovada poesia. Página em branco que exala frescor transmutável em amor.
Útero
Cúmplice, vívida página
Tácita, íntima, prática
Vítima, cínica tática
Pálida, anímica, mágica
Trêmula, tímida, próxima
Ínfima lâmina, dádiva
Física, lírica fábrica
Quântica, rústica, sólida
Lúcida lâmpada anárquica
Sôfrego, cravo-te símbolos
Risco-te, tornas-te gráfica
Rútila pétala, vínculo
Cálida, incitas-me ávida
Página, faço-te grávida
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