Numa
continuação informal, recorro a outra possibilidade do poema contar
uma história. Dessa vez narrado na primeira pessoa. E propondo uma
transgressão, uma metáfora com ares metafísicos, uma subversão do
tempo cronológico que só anda pra frente.
Costuma-se
dizer que a única certeza que temos na vida é a morte. Acrescento
outra certeza: a de que a arte pode instaurar outras realidades,
outros âmbitos, menos cartesianos, que abram possibilidades de
pensarmos a vida de formas menos conformistas e previsíveis, onde o
imaginário e o mágico tenham lugar de importância, tanto quanto as
questões do cotidiano.
Imaginem
se a vida fosse o reverso de si mesma, ou seja, do que ela é:
nascimento, crescimento, decadência e morte. Charlie Chaplin tem um
pequeno texto onde ele imagina essa reversão e, bem-humorado, mostra
o fim desse ciclo num grande orgasmo, que é imediatamente anterior à
concepção. Como seria de se esperar em Chaplin, é bem
cinematográfico, só que um filme passado de trás pra frente.
Minha
versão, que na verdade fiz antes de conhecer essa narrativa do
Chaplin, foi poetizando em forma de um soneto: