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quinta-feira, 14 de abril de 2016

A pá que lavra






 Desde quase sempre fui um devotado palavreiro. A palavra e seus conjuntos: frases, aforismos, versos, costumeiramente me mobilizam. Apesar de uns ditos populares afirmarem que “palavras o vento leva” e “uma imagem vale mais que mil palavras (eu diria até que um verso ou frase expressiva podem valer mais que mil imagens), sigo sendo adepto da escrita de suas formas e sons, metáforas, hipérboles, proparoxítonas (adoro proparoxítonas e sua pulsação vigorosa), tanto que tenho pelo menos dois sonetos feitos só com proparoxítonas.

Mas, paradoxalmente, ando meio desiludido com elas, com seu papel tornado secundário pelo Primado da imagem. Não que eu tenha nada contra a imagem, aliás adoro cinema, que considero uma arte supercomplexa. Mas notem que o cinema faz a imagem e o som prontos pro espectador. É diferente da Literatura. A escrita induz o leitor a imaginar, dar vida ao que inicialmente é tinta no papel. Já o cinema, que é som e imagem, poupa o espectador de imaginar. O cinema é fascinante, mas a escrita, muito mais antiga, pra mim, nunca perdeu um pingo do seu charme. Claro que alguns dirão que a literatura está inserida no cinema pelos diálogos, mas, convenhamos, não há como comparar falas de filmes com boa literatura.

A imagem está disseminada pelas salas de cinema, pela televisão, pelos outdoors, pelas tatuagens, pelas embalagens dos produtos e sei lá mais onde. E a palavra está virando complemento disso. Na era do rádio, que não tinha imagem a voz humana proferindo palavras predominava.

Por isso tenho certa relutância em publicar meus textos, “ornados” de imagens, por mais interessantes que elas sejam, mesmo quando elas exercem o papel de comentaristas do texto. Tenho preferido publicar meus poemas com fundo liso.

Vamos então enaltecer a nossa velha e nova palavra, aquela mesma que te acompanha na cama, no ônibus, no banheiro, na praia e até nos pensamentos. A palavra dos professores, dos poetas, dos oradores, dos atores, dos cantores, das multidões em coro.


2 comentários:

  1. TEXTO IRRETOCÁVEL, EXCELENTE! LEVOU-ME À REFLEXÃO QUANTO ÀS IMAGENS. VALEU, POETA!

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  2. Palavras faladas o vento até pode levar, mas escritas, não!!! E você as escreve e muito bem! Quanto ao poema ia dizer "um dos meus preferidos", mas lembrei-me que tenho tantos "um dos meus preferidos"!
    Um abraço, poeta! Parabéns pelo post e pelo cuidado e carinho com seu blog!

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