Desde quase sempre fui um devotado palavreiro. A
palavra e seus conjuntos: frases, aforismos, versos, costumeiramente me
mobilizam. Apesar de uns ditos populares afirmarem que “palavras o vento leva”
e “uma imagem vale mais que mil palavras (eu diria até que um verso ou frase
expressiva podem valer mais que mil imagens), sigo sendo adepto da escrita de
suas formas e sons, metáforas, hipérboles, proparoxítonas (adoro proparoxítonas
e sua pulsação vigorosa), tanto que tenho pelo menos dois sonetos feitos só com
proparoxítonas.
Mas, paradoxalmente, ando meio desiludido com elas,
com seu papel tornado secundário pelo Primado da imagem. Não que eu tenha nada
contra a imagem, aliás adoro cinema, que considero uma arte supercomplexa. Mas
notem que o cinema faz a imagem e o som prontos pro espectador. É diferente da
Literatura. A escrita induz o leitor a imaginar, dar vida ao que inicialmente é
tinta no papel. Já o cinema, que é som e imagem, poupa o espectador de
imaginar. O cinema é fascinante, mas a escrita, muito mais antiga, pra mim,
nunca perdeu um pingo do seu charme. Claro que alguns dirão que a literatura
está inserida no cinema pelos diálogos, mas, convenhamos, não há como comparar
falas de filmes com boa literatura.
A imagem está disseminada pelas salas de cinema,
pela televisão, pelos outdoors, pelas tatuagens, pelas embalagens dos produtos
e sei lá mais onde. E a palavra está virando complemento disso. Na era do rádio,
que não tinha imagem a voz humana proferindo palavras predominava.
Por isso tenho certa relutância em publicar meus
textos, “ornados” de imagens, por mais interessantes que elas sejam, mesmo
quando elas exercem o papel de comentaristas do texto. Tenho preferido publicar
meus poemas com fundo liso.
Vamos então enaltecer a nossa velha e nova palavra,
aquela mesma que te acompanha na cama, no ônibus, no banheiro, na praia e até
nos pensamentos. A palavra dos professores, dos poetas, dos oradores, dos
atores, dos cantores, das multidões em coro.
TEXTO IRRETOCÁVEL, EXCELENTE! LEVOU-ME À REFLEXÃO QUANTO ÀS IMAGENS. VALEU, POETA!
ResponderExcluirPalavras faladas o vento até pode levar, mas escritas, não!!! E você as escreve e muito bem! Quanto ao poema ia dizer "um dos meus preferidos", mas lembrei-me que tenho tantos "um dos meus preferidos"!
ResponderExcluirUm abraço, poeta! Parabéns pelo post e pelo cuidado e carinho com seu blog!