Guerra em paz
Futebol é uma guerra, dois exércitos
de duas terras. Só que na arquibancada duas raças congraçadas se misturam e
urram cada qual no seu dialeto sons de devoção e afeto e assim se dá a guerra
em paz, como lá atrás nunca se viu nem civil ou militar tão lúdico festejar na
vitória ou na derrota, com riso e choro sem afronta nem agravo. É um tal de
coreano embolado com eslavo e se um machuca o seu oponente, imediatamente se
desculpa em aperto de mão. É quando o planeta do loiro e da preta para pra assistir
e torcer por seu torrão. Copa do Mundo tem patriotismos e hino nacional, mas o
fundamental é que é uma festa do globo terrestre e a convivência dá o tom, a
leniência molda a gozação no gozado e os indivíduos lado a lado dão liga pruma
só nação, uma Babel multicor celebra a paz e o amor mirando a bola, pomba
branca de Picasso que esvoaça, parábola de arte em movimento celebrando o
enredo da rede e do tento . Que os trumps e putins do mundo se inspirem e não
mais pirem e que explosões sejam só de alegria e que um dia, a mais completa
das Copas das nações seja como as copas do baralho, só e só corações.
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