Passageiros
Corpo é clausura e habeas corpus. Razão pura
de Kant ou iluminura em livro de Dante? Corpo não é indolor, pois isso
significaria anestesia do prazer e não é isso o que queremos ser. Corpo se
divide em cabeça que pensa e corpo que sente ou o corpo pensa que é um todo que
não cinde nem no findi quando se entorna cerveja morna e fica confuso o uso das
partes de forma coordenada. Nada a ver isso tudo. O corpo é terreno fértil pra
alegrias e não falo só do falo e suas estrepolias lúdicas e nada pudicas, visto
que somatizamos alegrias com sorrisos e discursos feitos de improviso, sem
contar que alegria vai pro corpo como pele e pelo que arrepia. Mas corpo tbm
tem raiva e ódio como atleta que foi quarto e não subiu no pódio. Raiva faz os
dentes rangerem como colchão de mola, raiva esfola a vesícula, coisa mais
ridícula. Além da raiva, o medo, que muitos mantém em segredo. Medo trava,
provoca tremor e suor frio e nos vemos por um fio na boca do abismo. Corpo cai,
mas se levanta o pai ajuda, corpo fraqueja o filho ajuda, mão benfazeja. Corpo
carrega os sentidos e mais que forma, sons, gostos e cheiros, apreende o
sentido inteiro do que esse nosso companheiro de quem somos passageiros, no ir
e vir, significa pro existir.
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