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sexta-feira, 10 de junho de 2016

Jogos de guerra

Sempre fui fã de esportes. Eu mesmo fui por longo tempo praticante, curiosamente de um esporte que, quando praticado em nível amador e de massa, tem como seu rival e competidor, você mesmo, sempre tentando melhorar suas próprias marcas e sempre se sentindo um vencedor só por completar a extenuante prova de 42 km.

No entanto não é assim quando se trata do esporte profissional, com suas confederações, patrocinadores, mídia, etc. A competição é desenfreada e se chega ao ponto  do uso de substâncias proibidas. É muita pressão e anos de árdua preparação e sacrifícios da vida pessoal, tudo de repente pode desmoronar por uma diferença de um centímetro ou um centésimo de segundo.

Os Jogos Olímpicos eram um evento capital na Grécia Antiga e serviam para exaltar a força, a resistência, a rapidez dos soldados. Uma celebração - com laivos de propaganda - da supremacia dos guerreiros gregos sobre outros povos. No século XX, já na era moderna dos Jogos, em 1936, em plena ascensão do Nazismo, Hitler tentou esse recurso. Cada atleta alemão que vencia uma prova no estádio lotado em Berlim, era enaltecido como mais uma das provas da superioridade da raça ariana. Não deu muito certo, porque alguns negros colocaram água no chopp alemão, culminando com a esmagadora vitória de Jesse Owens nos 100 m rasos.

Por ser um aficionado dos esportes, me sinto à vontade pra questionar. Por que esse paroxismo com as competições? A essência dos Jogos Olímpicos permanece até hoje: são Jogos de Guerra. Sim, os atuais são uma guerra só simbólica, onde o sangue não corre na arena e nem a Morte ronda as pistas e os ginásios. Mas são disputas que celebram o mais forte, o mais apto, uma visão darwiniana da vida.


E para que haja um vencedor, é preciso que haja um ou mais perdedores. Já vimos várias vezes os pódios com “choro de prata”: o guerreiro que lutou com bravura mas no confronto final foi derrotado. Refleti sobre isso e me dei conta do quão eugênico o mundo ainda é e talvez continue sendo para sempre.  Somos bilhões de não heróis aplaudindo uma pequena casta, a nata da raça humana.



Um comentário:

  1. Texto que nos põe a pensar. Parece que a necessidade de provar a supremacia de uns sobre outros, infelizmente, não se restringe a esse cenário dos Jogos Olímpicos.Cotidianamente, num mundo predominantemente desigual, o discurso da meritocracia ainda tem muitos adeptos. Lendo o que escreveu a respeito dos Jogos Olímpicos fiquei me perguntando até onde vai aparecer a ideia de que o que importa é competir, quando aqueles que não alcançam a vitória (ou seria mais adequado dizer: o pódio?) são esquecidos. Mas, acho que talvez nos esportes coletivos esse peso de ser o melhor seja minimizado, pois, enfim é partilhado pelo grupo.

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