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sábado, 15 de outubro de 2016

Me per-mito

Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, etc.”

Quem narra o mito? O poeta-rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra - o mito - é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável.”
                                                                                      Humberto Zanardo Petrelli


Poetas já não ostentam todo esse prestígio. Mesmo assim vocês ainda nos consentem sermos delirantes ou pelo menos lúdicos. Somos então mais mitômanos - nome chique pra mentirosos compulsivos – que mitologistas. No território livre da Poesia vale não só brincar, mas também experimentar, tentar dizer o indizível (só tentar já vale) e o inaudito, arremeter pequenas provocações com disfarces líricos em voos rasantes, veementes, doces, gaiatos, sensuais, graves.

Sendo assim, quis brincar de recontar um mito e o fiz livremente e em forma de letra de uma canção. Mitos sobre os elementos da Natureza e sobre o Cosmo sempre me fascinaram. Dentre eles o fogo, com sua aparência e consistência singular. Na verdade uma chama, uma pequena labareda qualquer, é uma miniatura de estrela, de um sol e é um deles que nos provê de vida. O fogo tem servido como fonte de ricas e perenes metáforas poéticas. Mas nesse caso o fogo não foi metáfora para o poeta, mas simbólico para os personagens do poema-letra.





Bravo guardião

Firme guardião da chama eterna                     
Vida toda a postos na caverna
para o fogo nunca se apagar
mesmo que atravesse todo o mar

Mas o inimigo quer roubar
a luz que derrota a escuridão
E ele enfrentará com as suas mãos
o que ousou o lume profanar

Numeroso o inimigo atroz
se faz ouvir o seu rumor
Mas o guardião no seu fervor
tem poder de um coração veloz
e lutou mostrando o seu valor
Pânico ao trovão da sua voz

Como um destemido semideus
o sagrado fogo protegeu
O seu povo teve gratidão
Dança, cantoria e comunhão

raiou o dia e o guardião
volta para a semiescuridão
Segue em sua missão de resguardar
a eterna chama a rebrilhar


Um comentário:

  1. Se me per-mite caro poeta, sua prosa está uma belezura e prazerosa de se ler. Seu poema então, me fez viajar para um tempo distante que guardamos dos primórdios da humanidade. Muito bom! Grata por compartilhar!

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