Volta e meia – e na outra meia volta também – a dura
concretude da realidade tem de ser atenuada pra aliviar a pressão, seja com
simples escapismos, ou com arte, prazer, riso, beleza e por aí vai-se, sem que
se esvaia a consciência do que é denso e grave.
Eu, como cidadão poeta tento fazer minha
minúscula parte e não me omito em minha escrita e arte. Então me permitam
quando em vez tergiversar, enveredar por trilhas que deem em açudes plácidos,
com céu de nuvens brancas e brincar, brincar com as palavras, seus sons e
significados, brincar de ser filósofo, repórter e palhaço, ajudando a nutrir o
lúdico que todos carregamos e que se faz necessário preservar e fomentar.
Talvez a arte e a poesia não vão mudar o mundo,
mas se elas fizerem sorrir, pensar e se emocionar, já será uma imensa redenção.
Tudo sobre o Nada
Sabemos pouco do Nada
A morte ou a negação
O corte, a desconstrução
Pensar que nunca acontece
O que pra sempre se esquece
Tudo o contrário do Nada
Tudo o que o Nada não é
Nada fazendo emboscada
Pra Tudo fugir de ré
Ser Tudo é grandiloquente
Ser Nada é ser indigente
Pragmático é, contudo
Que se infere por verdade
Num copo com meio Tudo
Nada há noutra metade
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