Nem toda água é potável. Mas nem todo tema é poetável? Existem temas
espinhosos, mas uma vozinha sempre me diz: _Vai fundo que o mundo não é só
júbilo e gozo e não são só de tijolos amarelos os trajetos. Não são só
orquídeas e rosas mas também as insidiosas plantas que devoram insetos.
Pollyannas e Pollyannos preferem que as pedras não sejam arremessadas
na plácida superfície do lago a revolver o lodo do fundo, mas se o profundo se
faz raso, a razão é estrangulada pela emoção e daí se vai e se esvai o
equilíbrio. Pensar fora da caixa é bom e bem-vindo, mas fora da caixa não é um
cenário de peça infantil. Somos crianças adultas e nada de temáticas ocultas
pra não causar abalos e não doer nos calos. Flor que é flor é pétala e espinho.
Bebamos água mas também vinho. A vida, ávida, é mel e fel.
Promessas
da razão
Todos
os motivos pro cinismo
Toda
pequenez na vastidão
Todos
os atalhos pro abismo
Todos
os cupins da corrosão
Todas
as paixões e seus castigos
Todos
os demônios no porão
Todos
os covardes sem perigo
Todos
os punhais da castração
Todos
os desvãos do labirinto
Todos
os desejos tão famintos
Todas
as promessas da razão
Tudo
assim no dito por não dito
Tudo
que é póstumo e maldito
Tudo
que era sim e agora é não
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