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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Agruras de poeta




Poetar pode parecer pra muitos um jardim de rosas, um alegre e sereno versejar onde tudo esplende e recende a incenso ao som da lira. Nem sempre é assim. O poeta, não raro, briga com seu texto, em última instância consigo mesmo e se confronta com seus crivos estéticos, políticos, filosóficos. Ele esgrima - haja ou não rima – as palavras, oscila temáticas, joga no mar semântico como um náufrago sem boia, transborda temendo os paroxismos, se contém, temendo cercear seu espírito de livre criador. 

E entre estrofes, métricas, forma e fundo, se angustia, devaneia, cai em torpor, fala sozinho, obcecado, esculpindo, lixando, zeloso de que o texto não se rebele e prossiga sozinho, abandonando o autor.

Poetar é imaginar, desejar, gestar e por fim parir, nem sempre rápido, e quase nunca sem riscos. Inspiração e transpiração. Quem vê o poema pronto nem desconfia o quanto ele fez seu agora ex-dono, tão tonto.


De ré 

Na escuridão um tema um embrião de poema te ronda em ondas de açoite e no pernoite na tua mente nessa noite quente sem brisa te avisa que se quer perfeito mas não tem jeito você não dá conta a cabeça nunca pronta pra perfeição então o poema quebra algemas se requebra em dilemas vai nascendo a fórceps step by step antes que se estrepe prematuro e no escuro berra qual Macunaíma recoberto de rimas e metafórica placenta solta fogo pelas ventas faz que inventa sentidos de silêncio e ruídos na aurora vem pra fora conhecer o mundo e seu furor desavisado nesse jogo de dados com pavor deseja fundo escapulir desse cenário tão vário voltar a ser só esboço do sonho desse moço da fugidia alquimia da razão emoção inspiração perfeição que ele queria e o poema problema disse não

                 

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