Sempre tive fascínio pelo circo e em particular
pelos palhaços.
Palhaços povoam o imaginário de todo mundo.
Eles representam nosso lado iconoclasta,
transgressor e anárquico.
O bobo da corte era uma espécie de canal tolerado
que servia de válvula de escape do povo.
Os palhaços nos fazem rir. Rir de nós mesmos.
Palhaço é o menino que cresceu e continua menino,
traquinas, lúdico, sem planos, sem neuroses nem medo da vida.
Charlie Chaplin foi um dos grandes palhaços da
História. Não por acaso veio do circo. Encarnava, a seu modo super peculiar, a
figura do “clown”, melancólica e poética. Chaplin, com seu Carlitos, encarnou
esse arquétipo e enterneceu e fez rir a muitos e sua arte permanece viva com
toda a sua universalidade. Chaplin foi um grande poeta sem palavras.
Como Carlitos, os palhaços sonham, se frustram,
apanham, questionam, se atrevem. Mas no fundo não levam nada muito a sério. Sua
irreverência nos assusta, mas nos redime. Estão nos picadeiros a nos dizer de
forma explícita, mas também subjacente, que apesar de tudo a vida e a gente são
pra ser felizes.
O espetáculo acaba e levamos conosco o riso e a leveza
que acalenta a alma.
Na lona
No maior estardalhaço
Teatral espalhafato
O mais sério dos palhaços
arma o circo e monta o ato
E cidade após cidade
O feroz sobrevivente
mente verdadeiramente
as mentiras e as verdades
Delicado, às vezes rude
Nos imita e nos ilude
nesse jogo de espelhos
Rege a banda e chuta a bunda
Na tristeza mais profunda
faz-nos rir, velhos fedelhos
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