Deus deve ter criado o Universo e a vida num momento de
inquietação. E se nessa criação tem o seu DNA, então as inquietudes são uma
herança divina.
Ou então minha percepção disso é com lupa, pelo fato de ter
empatia com os inquietos e suas criações desassossegadas Fernando Pessoa
verseja num poema: “Não escrevo para agradar nem desagradar, escrevo para
desassossegar”.
Reflito sobre os inquietos em geral, não só poetas, não só
artistas. Einstein era dono de uma mente muito inquieta e sabe-se que muitos
dos seus insights científicos ocorreram em sonhos. Os inquietos, os criativos,
os que não se contentam apenas com o que já é e sonham com o improvável até
torná-lo realidade, esses é que movem o mundo. A inquietude do Aleijadinho e
suas inquietações o levaram a usar seus cinzéis amarrados aos seus erodidos
braços para poder prosseguir na sua obra singular. Freud foi um obstinado em
seu mergulho no não visível inconsciente humano. Inquieto e obstinado foi
também Augusto Ruschi, a maior autoridade mundial em orquídeas e colibris, uma
vida inteira dedicada a estudá-los e que morreu na floresta onde viviam,
envenenado por um sapo. Hermeto Paschoal faz e toca música no piano, no sax,
mas inquietamente vê musicalidade em quase tudo e transforma panelas e
utensílios de cozinha, entre outros objetos inesperados, em instrumentos
musicais. Inúmeros artistas de rua surpreendem em desassossegada criatividade
improvisando e desafiando a lógica.
E no território da poesia, além de Pessoa, temos os chamados
poetas malditos (na época maldito não era apenas um rótulo envolto em charme e
glamour), Malarmé, Rimbaud, Verlaine, Baudelaire
e Augusto dos Anjos. Rechearam sua arte poética com suas angústias, seus
espantos, sem se contentar em emular
seus pares acadêmicos. Assim foi também com os concretistas, com sua estética
de transgredir com a poesia visual, com o papel do significante muitas vezes sobrepujando o do
significado e a introdução do lúdico e das desconstruções da palavra em
despalavra.
Na Ciência, na Arte e na vida, o quieto não leva ao
desbravar, ao novo nem ao inovador. Deixemos a quietude para os monges do
Nepal. E que o fogo da criação continue ardendo, entres choros e risos.
Perfeito, assim como foi exposto. Almas inquietas, são oficina da criatividade. De um estalo sem importância, nasce uma nova fragrância, uma mágica ilusão, cheia de verdades, do próprio coração! E pode virar um romance, como drama, depende apenas, da intenção do momento, dando lógica ao segmento. E passa a ser verdade, dependendo apenas, do coração sorrir ou chorar, neste exato momento, Porque poeta não consegue ser estável, nem nos passos, nem no coração. É em tempo integral, pura emoção, levado pelos sentimentos, ou pela lembrança de uma imagem, ou até mesmo, uma canção..
ResponderExcluirMaravilha poeta...Parabéns.
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