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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Alumbramentos

Alguns temas, objetos, situações, são recorrentes na minha escrita. Chamo essas quase fixações de alumbramentos (1. Ato ou efeito de alumbrar; iluminar; 2. Estado de quem se maravilha; deslumbramento; 3. Inspiração, arrebatamento, revelação).


Uns são concretos, a maioria, mas mesmo sendo objetos palpáveis, é claro que são metafóricos. Não importa a forma poética, se fixa ou livre, lá estão, assíduos, o espelho, o horizonte, os recomeços, carrosséis, palhaços, bumerangues, barcos, o mar, a própria poesia, as estrelas, os paradoxos humanos, o lado lúdico da vida, o tempo, o presente.

Certamente não vou me lembrar de todos, mas esses talvez sejam os mais frequentes e me encorajam a revisitá-los e com isso sobrepujar o receio de ser repetitivo. Como sou dos que pensam que a poesia é a negação do banal e que a vida cotidiana por suas repetições reverbera as banalidades, dou vazão a essas obstinações temáticas não sem temer que a originalidade me escape.

É interessante constatar que a maioria desses temas e objetos remetem a movimento e movimento remete a vida, ou seja, até no ato de digitar ou mesmo manuscrever os poemas, o movimento está presente. Vida refletida na palavra, seu som e no que ela evoca. Vida real misturada com imaginação. Da imaginação do poeta diretamente pra imaginação do leitor.


O poeta erige seu microcosmo com suas obsessões, delírios, esperanças, desencantos, euforias, perguntas sem resposta (ao poeta cabe muito mais indagar que responder), rir inclusive de si mesmo, brincar de pegar o leitor de surpresa. Os temas recorrentes são visitas nem sempre convidadas, simultaneamente paisagem, trilha sonora e protagonista de filmes cuja imagem, som e movimento são “só” subjacentes às palavras bordadas no tecido do poema.


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