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domingo, 14 de janeiro de 2018

Vício benigno


Os dias em que escrevo me parecem com mais sentido e graça que os dias em que não escrevo.

Penso que tenho uma relação um tanto litúrgica com o escrever. Não que isso signifique que eu seja extremamente diligente, metódico e organizado. Nem sou tanto, apenas me esforço em ser menos caótico.

E como nessa liturgia particular eu sou o Papa e redijo (e reformo) as bulas e homilias, ela não é prisão e segue mais o princípio dionisíaco do prazer que o apolíneo do dever.

Sentido.

Direção e sentir. O duplo significado dessa palavra é perfeito. Tem momentos em que o sentir e o compreender não são duas entidades antagônicas que excluem a outra. Tem vez e não é pouca, que o sentido é significância e sentimento, lógica e emocionalidade.

Diz-se que é preciso sentir pra compreender. Também se diz que é preciso compreender pra sentir. Eu diria que é (im)preciso o sentido: sentir e compreender de forma simultânea e assim, fruir.

E isso se dá no âmbito do poético, tanto no que tange ao leitor, quanto ao autor. Se poetas mentem, no sentido cotidiano e cartesiano do termo, ou se falam a verdade, essa também cartesiana, não importa. Tudo é verdade. E a verdade poética não é menor que a do dia a dia mais banal.

Poetas ou quaisquer artistas têm como fonte permanente de trabalho, de criação, a imaginação. E um filósofo que agora não me ocorre qual, disse que a imaginação é um bem tão real quanto qualquer outro. Pois a verdade poética é tão real e valiosa quanto qualquer outra e, poeta que sou, ouso um pouquinho acrescentar que certas verdades poéticas são mais valiosas que algumas verdades filhas do senso comum.

Maiorias não são necessariamente proprietárias de verdades inquestionáveis.

Não sei a dimensão do que transborda pro leitor, não sei bem desses processos, mas sei em mim, que escrever me constitui, me resgata do vácuo da existência, de não respostas pra mil perguntas. Não por acaso já usei inúmeras vezes a metalinguagem pra retratar essa questão vital pra mim.

Hoje está fazendo mais sentido e tendo mais graça. Porque estou escrevendo.



3 comentários:

  1. Linda poesia das palavras, parabens e vc como ninguem sabe dispor das mesmas, " Palavras, caras palavras, No nosso breu sao faróis " maravilhosas palavras, boa tarde beijos carinhosos.....

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  2. Palavras poéticas gostosa de ler. Parabéns!!
    😄

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  3. Palavras parecem ter vida própria quando escapolem de dentro de nós sem que as tenhamos sentido.
    Sua habilidade com elas é um presente para o leitor.

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