Habitamos este planeta plural e repleto de singularidades, mas nossa
mentalidade é dual. O que fazer pra criar congruência entre esses dois
aspectos? Talvez nada. Pelo menos se nos limitarmos a padrões já usuais. Na
prática ainda vai levar tempo (e espaço) pro Homem vivenciar a relatividade
quântica descoberta por Einstein.
O Homem se opõe aos elementos, interfere. Cultura versus Natura. Desvia cursos de rios,
faz represas, desmata, mata animais que são parte vital do ecossistema.
Mas, duais que somos e não plurais, nos apegamos a cara e coroa,
claro e escuro, frio e quente, Bem e Mal. E nestas oposições que induzem a
desconsiderarmos as nuances das transições, ações e pensamentos literal e
subjetivamente sempre em construção, pautamos nosso comportamento.
Some-se a isso os invisíveis grilhões da retidão a violentar nossa
natureza dual que deveria ser plural, temos códigos morais distorcidos por
fundamentalismos, ou plenos de idealismos praticamente inatingíveis por nós, “defeituosos”.
Portanto, nossos dualismos costumam ser punidos em várias instâncias,
o que instiga à hipocrisia, ao bom-mocismo de ocasião e a uma - ora velada, ora
não – caça às bruxas. O sistema do “crime & castigo” vagando qual fantasma
tentando vestir carapuças e errando alvos, a serviço dos interesses políticos e
manipulações.
Dual
Quando amo e quando odeio
Coronárias e neurônios
Meio anjo e demônio
Me revelo ou me refreio
Sou vilão, herói, refém
Sou cruel, maniqueísta
Solidário, altruísta
Sou do mal ou sou do bem?
Sou xamã, pagão, judeu
apostólico romano
Rezo o terço e mato Deus
No vitral, santo profano
Hóstia em boca de ateu
Dualidade é ser humano
A dualidade que tanto incomodou o homem barroco, incomoda ainda hoje. Justamente pelo que você percebe muito bem: é humana. Muito bom! Abraço!
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