A solidão é um dos grandes fantasmas que assolam o homem nesse mundo tão populoso.
O ser humano, embora essencialmente gregário, tem também sua faceta solitária, que é quando surge a oportunidade de estar apenas consigo mesmo e ter espaço pra pensar, se concentrar, até relaxar e criar. Momento inclusive de não precisar exercitar as regras constantes da convivência e suas implicações de ceder, ser paciente, escutar, se impor limites. Tudo importante, mas até disso precisamos de umas tréguas, até pra nos recarregarmos. Essa é a solidão boa e voluntária. Uma escolha.
Mas a solidão que as circunstâncias impõem é a que fantasmagoricamente arrasta correntes na mente e é temida por muitos e chega a ser estigma: solitários são vistos como gente estranha, como incapazes de manter uma quantidade razoável de laços sociais e afetivos e até mesmo como sem talento e sex-appeal pra cativar e seduzir parceiros amorosos. Preconceito especialmente endereçado ao sexo feminino. Mulheres solteiras e/ ou recém-separadas e que moram sozinhas, muitas delas podem até estar bem assim e felizes, mas são vistas como um perigo em potencial pras suas amigas casadas.
Então a solidão pode ser um estado, uma circunstância, ou um sentimento. Ou ambos simultaneamente, como no caso da solidão do isolamento, o vazio externo coadjuvante do interno. E, de outra forma, a solidão só interna, onde há a coabitação, a presença muitas vezes ausente do outro. O “sozinho na multidão”.
Seja qual for, a solidão não voluntária, ou é prisão palpável, de paredes, portas, silêncios, imobilidade, ou prisão da mente e ambas acarretam angústia, tristeza, desesperança e quebrar esse círculo vicioso faz necessário um abrir de janelas pra entrada de luz e ar. Janelas da casa e da alma. De dentro pra fora.