Importante

Todos os textos do blog, em prosa e verso, a não ser quando creditado o autor, são de minha autoria e para serem usados de alguma forma, necessitam de prévia autorização.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Inventores de Eros

 A literatura erótica existe praticamente desde que o homem inventou a escrita.

A que escrevo tem a marca da sonoridade, porque o amor é sonoro a começar pelas batidas fortes do coração e da busca do equilíbrio entre a minuciosidade de natureza mais racional e os transbordamentos mais emocionais que desvelam paroxismos e desavergonhamentos.

O erotismo para muitos parece mais transgressor quando toma forma numa manifestação artística e bem menos quando vivenciado nos recônditos privados, por todos, artistas ou não.

Gosto quando me deparo com artista que tem imagem sóbria surpreendendo com erotismo em seu trabalho. Fá-lo (com trocadilho, por favor) mais próximo, menos etéreo, mais humano. Devassos contumazes geniais e com vidas controversas, mas arte inquestionável como Picasso (desta vez sem trocadilho) e Jean Genet não causam surpresas desse tipo, mas um Drummond sim, ainda que com material que ele não quis publicar e póstumo no livro O amor natural.

O erotismo ora é sutil, ora descarado, metafórico, ou quase um tratado de Anatomia,
puramente carnal ou com laivos românticos, enfim, traduz a diversidade cultural, emocional e comportamental (mesmo que não rime tanto) da espécie humana, porque no restante do mundo animal não existe erotismo, só sexo.


Âmbar

Fico nu
Finco-me nos teus flancos
Foco no teu fogo
Folgo
Gozo do teu gozo
folgoso

Teu forte é meu fraco
Teus frascos cheirosos
Meus cascos de potro
Narinas que ventam
reiventam tufões
Teus tufos de pelos
entram pelos meus
Medusas que cruzam
despidas dos medos
Medéias distrágicas
Sem trajes
Centradas
Sem tarjas

Centauros brincando
sem quando nem onde
em ondas que quebram
re-quebram, decolam
requebram redondo
repondo os encaixes
Respondo, respondes
Recônditos úmidos
Úmeros, acrômios
Inúmeros ligamentos
Urdiduras macias
Amalgamentos
Binômios gêmeos
Pleonasmos
gemem orgasmos
que não são desfecho
só mais um trecho
Somas
Fim do começo

No moto contínuo
nus continuamos
de corpo, de alma
ao mágico toque
com o tato do olhar
O amar incessante
em si santificado
Ao mar embarcados
Crus
Sem cruz
No âmbar incrustados
Insetos
decerto eternizados
num colo
num colar




                                                                                      















                                                             








Um comentário:

  1. Oh coisa boa! O erotismo na literatura vem acrescentar ao ato humano do acasalamento mesclado com amor e humor um toque a mais. E seus poemas e palavras talhadas nos leva para um mundo mágico onde esse erotismo ganha um significado maior. Parabéns poeta!

    ResponderExcluir