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sábado, 10 de março de 2012

Ô, abre alas pro haikai passar

Micropoemas de apenas três versos, forma poética surgida no Japão há séculos, instantâneos que descrevem e comentam pequenas coisas, em geral da Natureza, com um quê de metafísicos: assim são os haikais, que se difundiram no Ocidente no século XX e como seria de se esperar, se ocidentalizaram e diversificaram nas temáticas.

No Japão, as ilustrações para os haikais são chamadas de haigá. La é forte a tradição de ilustrar não só poemas, mas todas as formas literárias. Já no Ocidente isso se restringe à literatura infantil. Poucos são ainda hoje os livros para adultos ilustrados.

De certa forma, o cinema acaba ilustrando as obras literárias que ele adapta, com sua profusão de imagens em movimento e efeitos visuais. Mas isso ocorre com os romances ou no máximo com contos. Teríamos que fazer um grande esforço de memória ou de pesquisa, para encontrarmos filmes inspirados em poemas. Quando era estudante de cinema, querendo agregar a poesia, cheguei a roteirizar um poema de Drummond chamado A morte do leiteiro, mas que ficou só no papel. Muito tempo depois tenho resgatado isso principalmente com os haikais, tanto com desenhos quanto com fotos.

O clichê oriental diz que uma imagem vale por mil palavras e há também quem pense que boas palavras dispensam a imagem. Fico com o caminho do meio taoísta. Tudo é uma questão de usar e jogar bem com ambos os elementos, para que se potencializem, criem uma sinergia e não sejam redundantes um do outro. É o que busco.

Se fosse um desfile das escolas de samba, os haigás desse post seriam os carros alegóricos e os haikais a letra do samba-enredo. Lá na avenida vemos isso: teatro, cinema, música e literatura fundidos numa manifestação exuberante de arte popular.












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