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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Menos sendo mais

Soneto é uma forma peculiar de poesia que se caracteriza por ter duas quadras, ou quartetos, seguidos de dois tercetos na tradição inglesa. A francesa já faz uma divisão de estrofes diferente, com três quadras e a última estrofe com apenas dois versos.

Em ambas as escolas existem regras que delimitam os sonetos. Estruturas de rimas, métrica e rítmica são os cânones clássicos. Por isso sonetos são considerados desafiadores. O mais usual é o decassílabo, com dez sílabas métricas, mas também encontramos os dodecassílabos ou Alexandrinos e os chamados sonetilhos, sonetos em redondilha maior ou menor, ou seja, com sete ou cinco sílabas métricas.

Embora eu, como vários poetas contemporâneos, escreva sonetos dentro dos rigores do soneto clássico, me permito experimentar um pouco, quebrando intencionalmente com alguma regra. Por exemplo seis, nove ou onze sílabas métricas, ou usar ao longo de todo o soneto apenas duas ou até uma só rima, ou preencher todo o soneto apenas com palavras de uma classe, como as proparoxítonas ou as monossílabas.

O soneto a seguir se encaixa nesse último caso e eu brinco de chamá-lo de soneto monossilábico. Monossílabos são abundantes na língua inglesa, que tem muitas palavras de cinco, seis letras que formam uma sílaba só: strong, smile, crowd, choose, etc. Já a nossa língua é bem pobre em palavras monossílabas, o que, a princípio, propõe ainda maiores desafios na construção de um soneto com rimas e métrica. Por isso foi tão prazeroso fazê-lo e vê-lo pronto.


No fim do mar


Ver o sol se pôr no fim do mar
Luz que flui na cor da flor mais sã
diz por si que a dor não é tão vã
Já nos traz um triz a mais de ar

Trai sem dó a tal da lei do cão
Dói pois rói o ser no grau mais vil
Só que tem na dor do que já riu
mais que o som do sim por trás do não

Ver o show do sol que sai do céu
é tal qual não ter mais voz num véu
mas de um som que vem de lá dos rins

Cai o sol de mais de cem mil graus
Um que traz a luz pra nós, pras naus
que se vão do cais que há em mim


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