Quem disse que
é preciso que as Forças do Mal atuem pra que não dê certo, não vingue, murche,
desande, aqui, no Casaquistão ou nos Andes? Grandes são nossas forças
autossabotadoras, nossas internas ditaduras a nos reprimir oprimir. Ah, as
Forças do Mal! Quem disse? Crendice! Quem precisa de um carrasco a nos furar o
casco, fazer a nau soçobrar, ir a pique, chover no piquenique, até só sobrar
frustração e o gosto ácido e tácito de “nunca saberemos já que nem tentamos”?
Mergulhos nos
entulhos perfumados, ilusão de que se viaja em carrossel que gira e vai a lugar
nenhum. Pum no elevador e todos se olhando de soslaio, ah, nessa eu não caio,
ei, cai sim, quando você se convence de que o Bem sempre vence e que tudo tudo tudo
vai dar certo só porque a gente gostaria. Não passa de uma mania.
E cada qual
erga a sua barricada, sua cerca eletrificada de cerca de mil watts, pra
alimentar o ovo da serpente, elementar meu caro Watson, enquanto chove chuva e
lágrimas lá fora do bunker particular de cada um.
Na nossa
passividade se dilui a nossa civilidade de satélites e Idade da Pedra. Quem não
tem telhado de vidro que atire a primeira perda.
Barricadas
Da embarcação
Inútil carranca
Netuno me arranca
Com um vagalhão
Tolas salvaguardas
Agarrar-se às pedras
Renegar as perdas
Fim que nos aguarda
Soerguer escudos
O temor de tudo
Flechas e veneno
Arame farpado
Alarme alarmado
Sabotar o pleno
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