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sábado, 10 de março de 2018

Patuás



Quem disse que é preciso que as Forças do Mal atuem pra que não dê certo, não vingue, murche, desande, aqui, no Casaquistão ou nos Andes? Grandes são nossas forças autossabotadoras, nossas internas ditaduras a nos reprimir oprimir. Ah, as Forças do Mal! Quem disse? Crendice! Quem precisa de um carrasco a nos furar o casco, fazer a nau soçobrar, ir a pique, chover no piquenique, até só sobrar frustração e o gosto ácido e tácito de “nunca saberemos já que nem tentamos”?

Mergulhos nos entulhos perfumados, ilusão de que se viaja em carrossel que gira e vai a lugar nenhum. Pum no elevador e todos se olhando de soslaio, ah, nessa eu não caio, ei, cai sim, quando você se convence de que o Bem sempre vence e que tudo tudo tudo vai dar certo só porque a gente gostaria. Não passa de uma mania.

E cada qual erga a sua barricada, sua cerca eletrificada de cerca de mil watts, pra alimentar o ovo da serpente, elementar meu caro Watson, enquanto chove chuva e lágrimas lá fora do bunker particular de cada um.


Na nossa passividade se dilui a nossa civilidade de satélites e Idade da Pedra. Quem não tem telhado de vidro que atire a primeira perda.


Barricadas

Da embarcação
Inútil carranca
Netuno me arranca
Com um vagalhão

Tolas salvaguardas
Agarrar-se às pedras
Renegar as perdas
Fim que nos aguarda

Soerguer escudos
O temor de tudo
Flechas e veneno

Arame farpado
Alarme alarmado
Sabotar o pleno





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