Somos marítimos. Mesmo os que vivem longe do litoral.
Somos das naus, das ondas , ventanias e calmarias , sereias e divindades e por
fim o cais de partidas e chegadas. Somos íntimos do mar, mesmo os que não sabem
nadar. Somos desbravadores nesse palco aquático, onde o sonho e a imaginação
nos leva. Mar é água e sal e seres submersos, mas é também metáfora do existir,
do descobrir, do arriscar. O sangue lusitano que corre em nós, mesmo nos de
aparência africana e indígena, talvez seja o inspirador dessa nossa “maritimidade”.
Mar de horizontes e do além deles. Mar dos
faróis, sóis da noite clareando as rotas. Mar dos peixes que alimentam e são
parábolas bíblicas. Mar dos piratas e suas pilhagens, dos almirantes e suas
canhoneiras, dos surfistas, da Atlântida devorada pelo Atlântico. De geleiras
imponentes e submarinos secretos. Terra, planeta água que no fundo tem terra.
Que nademos sem morrer na praia. Que o mar nos inspire o amar.
Impávido
Sem
medo
O
rochedo
resiste
ao açoite
das
ondas bravias
Toda
noite
Todo
dia
Sentinela
do
tempo
e
dos temporais
Face
lisa
Lapidada
por
ventares
e
o assédio dos mares
Como
um ventre
gesta
e acolhe
silencioso
todo
gozo
todo
canto
cada
pranto
das
sereias
cujo
encanto
foi
em vão
pelo
arpão
do
marinheiro
E
o rochedo
Tarde
e cedo
Altaneiro
Ergue
o farol
Humano
sol
Traçando
um arco
que
varre o mar
a
vasculhar
rumos
e barcos
Nenhum comentário:
Postar um comentário