O medo, esse famigerado. Pior que segredo
congelado. Pior que bruma, que não te deixa ver porranenhuma. Medo é
amedrontador, dor que não dói mas rói o ser, entorta o talher, faz o travesso
virar do avesso, vira bicho de sete cabeças de quartas a terças. Medo é abrupto ou
em câmera lenta, é corrupto e se deixa
subornar ao luar. Medo de perder o controle, o da TV e o de si e da vida. Medo
é vidro em cacos com pés descalços, medo é percalço a um metro da meta. É
sombra, escombro silencioso, é sonhar com o Bozo e acordar em prantos, medo do
por enquanto virar passado, porão mal assombrado. Medo é um coração dilacerado
pelo desencontro, de nunca estar pronto pra começar recomeçar findar receber
dar. Medo é órbita solar que gira gira e não sai do lugar.
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