Não importa se somos crentes, ateus, cínicos,
céticos, hedonistas, anarquistas, existe pra quase todos um ponto em comum que
agrega todas as vertentes: os mistérios da vida, as perguntas sem resposta, a
finitude e o eterno.
No âmbito do pessoal, do individual, o conceito
de alma, quase em oposição ao corpo matéria. Polêmica em torno. Haver alma ou
não é quase o mesmo, pelo menos em importância, que vida após a morte.
Longe de mim querer deflagrar debate místico
sobre isso, até porque meu viés preferencial é o da poesia, com toda a farta
carga de subjetividade inerente. Pro poeta, alma pode ser muitas coisa, até
mesmo a alma como instância “superior” à
matéria densa.
Alma como sinônimo de centelha, sopro, anima, vida. Mas como a dicotomia é
quase inevitável nesse dualismo, dessa dupla instância que constitui o humano,
dou minha modesta contribuição através da minha visão poética que não pretende
explicar e muito menos esgotar o tema. Não cartesiano que sou, na vida e na
minha poesia, visito em versos a famigerada questão. Corpo e alma são faces da
mesma moeda ou esse duplo aspecto humano é só mais um dogma?
Faces
A alma não tem idade
O corpo é que sofre e falha
Apaga o fogo na palha
A alma é da eternidade
Corpo, onde tudo se passa
Matéria densa e tangível
Mas alma é num outro nível
Que sempre o corpo ultrapassa
O corpo mora no tato
Viaja pela visão
A alma é algo abstrato
Juntando toda a emoção
Com a sensação de que é fato
Tem vida em ebulição
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