Estamos conectados. A que, a quem? A muitos? A ninguém?
Tatofóbicos? Defendidos, iludidos. Tememos tocar e ser tocados. Resta a palavra
parcimoniosa e imagens hipnotizantes quase nunca fazendo congruência. Paisagem
é foto sabe lá de onde como fundo de tela. Detê-la? De tê-la. Simulacros,
sorrisos protocolares para autofotos. Abundância de felicidade. Autoajuda pra
ajudar o outro. Comprimidos pra tristeza. Drágeas pra ansiedade. Antídotos e
disfarces pra solidão.
Solidão alçada a tabu. Os androides de Blade Runner
nos redimirão? O admirável mundo não tão novo. Filme japonês no Festival do
Rio: a ação se passa em meio a 9 milhões de quase autômatos em Tóquio.
Encontros desencontros. Toque-o. Ele é de verdadeiros ossos e carne.
Resta a palavra. Que ainda não perdeu seu poder de
evocar, invocar, revogar, convocar, provocar, congraçar o real.
Sem sinal
Marcamos
desencontros
Vivemos nos
enquantos
Sem placas nas
esquinas
Sem sintonias
finas
O dito por não
dito
das línguas
em conflito
O palavrório
é mudo
O ouvido, meio
surdo
Viramos
arquipélago
Distante o
continente
Um sentimento
acéfalo
O amor
intermitente
Tranças da solidão
E trancas no portão
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