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sábado, 14 de outubro de 2017

Tabu


Estamos conectados. A que, a quem? A muitos? A ninguém? Tatofóbicos? Defendidos, iludidos. Tememos tocar e ser tocados. Resta a palavra parcimoniosa e imagens hipnotizantes quase nunca fazendo congruência. Paisagem é foto sabe lá de onde como fundo de tela. Detê-la? De tê-la. Simulacros, sorrisos protocolares para autofotos. Abundância de felicidade. Autoajuda pra ajudar o outro. Comprimidos pra tristeza. Drágeas pra ansiedade. Antídotos e disfarces pra solidão.

Solidão alçada a tabu. Os androides de Blade Runner nos redimirão? O admirável mundo não tão novo. Filme japonês no Festival do Rio: a ação se passa em meio a 9 milhões de quase autômatos em Tóquio. Encontros desencontros. Toque-o. Ele é de verdadeiros ossos e carne.


Resta a palavra. Que ainda não perdeu seu poder de evocar, invocar, revogar, convocar, provocar, congraçar o real.


Sem sinal

Marcamos desencontros
Vivemos nos enquantos
Sem placas nas esquinas
Sem sintonias finas
O dito por não dito
das línguas em conflito
O palavrório é mudo
O ouvido, meio surdo
Viramos arquipélago
Distante o continente
Um sentimento acéfalo
O amor intermitente
Tranças da solidão
E trancas no portão





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