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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Amor escrito

Ame e dê vexame. Título de um livro de Roberto Freire. Se você já ama assim, vá fundo. Se é a primeira vez, não se envergonhe.


Mas se a questão é falar de amor, ou melhor, escrever sobre o amor e mais especificamente escrever poemas de amor, acredito em coisas que pode e em coisas que não pode em poemas de amor.

Vejam, estou apenas compartilhando o que penso, sem nenhuma pretensão de impor nada nem criar novas regras num campo já repleto delas.

Penso que na poesia há que ser cuidadoso com excessos. Isso não quer dizer que o poeta diante do poema que está construindo tenha que ser comedido, se reprimir. Afinal, amor é algo intenso e como tal merece textos à altura dessa intensidade. Mas há meios e modos de se transbordar, de se arrebatar sem cair nas clássicas armadilhas poéticas (não só nos poemas de amor).

No meu ponto de vista, nós poetas precisamos tanto buscar o que o poema nos “pede”, como também evitar, fugir do que potencialmente pode tirar a força do texto.

Em poemas de amor são frequentes essas armadilhas, o que torna “perigoso” abordar esse tema. A primeira delas: os clichês, os lugares comuns. Como a produção de poemas de amor é abundante, faz sentido que se produza “mais do mesmo”. É claro que cada um é dono de si e escreve o que e como bem quiser, mas eu pessoalmente aprecio mais os textos que fogem dos clichês.

Outro detalhe: num poema de amor é mais que normal que a própria palavra amor seja usada, mas se nos distrairmos, vejam o que pode acontecer: Meu amor / Eu te amo / Nosso amor é pra sempre / Como é bom te amar...
Em poucos versos uma quase enxurrada de amor e amar. Então convém prestar atenção nisso.

Outra questão que atinge não só os poemas de amor, mas os de qualquer tema é a pieguice. Apaixonados – eu não me excluo disso – ficam meio bobos e ao poetar sobre o amor correm o risco de ser melosos sem se dar conta disso.


Enfim, ame e dê vexame na vida e também escrevendo poemas de amor, mas se lembre de sempre tentar dar esse vexame poético transbordante com alguma originalidade e surpreendendo.


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