Ame e dê vexame. Título de um livro de Roberto Freire. Se
você já ama assim, vá fundo. Se é a primeira vez, não se envergonhe.
Mas se a questão é falar de amor, ou melhor, escrever sobre
o amor e mais especificamente escrever poemas de amor, acredito em coisas que
pode e em coisas que não pode em poemas de amor.
Vejam, estou apenas compartilhando o que penso, sem nenhuma
pretensão de impor nada nem criar novas regras num campo já repleto delas.
Penso que na poesia há que ser cuidadoso com excessos. Isso
não quer dizer que o poeta diante do poema que está construindo tenha que ser
comedido, se reprimir. Afinal, amor é algo intenso e como tal merece textos à altura
dessa intensidade. Mas há meios e modos de se transbordar, de se arrebatar sem
cair nas clássicas armadilhas poéticas (não só nos poemas de amor).
No meu ponto de vista, nós poetas precisamos tanto buscar o
que o poema nos “pede”, como também evitar, fugir do que potencialmente pode
tirar a força do texto.
Em poemas de amor são frequentes essas armadilhas, o que
torna “perigoso” abordar esse tema. A primeira delas: os clichês, os lugares
comuns. Como a produção de poemas de amor é abundante, faz sentido que se
produza “mais do mesmo”. É claro que cada um é dono de si e escreve o que e
como bem quiser, mas eu pessoalmente aprecio mais os textos que fogem dos
clichês.
Outro detalhe: num poema de amor é mais que normal que a própria
palavra amor seja usada, mas se nos distrairmos, vejam o que pode acontecer:
Meu amor / Eu te amo / Nosso amor é pra sempre / Como é bom te amar...
Em poucos versos uma quase enxurrada de amor e amar. Então
convém prestar atenção nisso.
Outra questão que atinge não só os poemas de amor, mas os de
qualquer tema é a pieguice. Apaixonados – eu não me excluo disso – ficam meio
bobos e ao poetar sobre o amor correm o risco de ser melosos sem se dar conta
disso.
Enfim, ame e dê vexame na vida e também escrevendo poemas de
amor, mas se lembre de sempre tentar dar esse vexame poético transbordante com
alguma originalidade e surpreendendo.
Ai...ai...que lindeza! puro em originalidade, poesia...
ResponderExcluirMuito bom!
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