Volta e meia
me dá vontade de fazer experimentações com a minha poética. Não que
necessariamente eu inove, mas o simples fato de escrever algo, seja no tema ou
na forma, que fuja do costumeiro, já me produz uma sensação de satisfação.
A escrita
poética em geral segue uma sintaxe bem semelhante à da prosa, ou seja, os
versos com frequência têm a mesma estrutura sintática que as frases, com
substantivos, verbos, adjetivos, preposições, advérbios, etc, etc.
Na trilha em
busca da diversidade, já escrevi sonetos só com palavras monossílabas ou só
proparoxítonas, escrevi poemas circulares que quando terminam recomeçam ou
podem ser lidos também no sentido anti-horário, poemas inteiros com apenas uma
rima, dentre outras pequenas ou médias transgressões às normas.
Uma forma que
particularmente me agrada e por isso faço com frequência são poemas de versos
bem curtos, linguagem telegráfica, como estocadas de uma adaga. Versos curtos
são feitos com palavras curtas, muitas das quais oxítonas, cuja sonoridade é
forte. Pra mim são como pinceladas de nanquim de quem escreve ideogramas, minimalistas
e expressivos.
No meu livro
“Arrebatamentos e outros inventos”, publiquei um poema circular chamado
Verbalizando, feito apenas com verbos no presente do indicativo e paroxítonos, em redondilha menor (versos de sete sílabas métricas). O poema que apresento a
vocês neste post é o “Verbalizando 2”, também feito só com verbos, só que todos
conjugados no pretérito perfeito, o que faz todas as palavras serem oxítonas. E
todos os verbos-versos são dissílabos, curtos e telegráficos.
A ideia da
forma espiralada foi pra diferenciar do primeiro Verbalizando e também porque
ele tem um fim que recomeça e este Verbalizando 2 gira, mas vai subindo, num
desfecho “pra cima” assim como as espirais.
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