Volta e meia me defronto com o que chamo de poesia átona.
As palavras são compostas de sílabas tônicas e átonas. Elas são classificadas assim por comparação.
Ca-sa: a sílaba forte é ca e a que sobra, mais fraca, é sa, sílaba átona.
Barbari-da-de: a sílaba da é forte, tônica e todas as outras são átonas, sendo
que bar é um meio termo, subtônica. Isso é relevante na métrica poética.
A chamada poesia de versos livres, que ao contrário das
formas fixas, desconsidera estrofes, rimas, métricas e tal, como o termo já
expressa, é livre e certamente a de maior produção e não raro o que chamo de
poemas átonos estão lá pra ser lidos.
Poema átono é o que tem excessiva incidência de palavras
polissílabas, que têm muitas sílabas átonas pra apenas uma tônica, ou palavras
di e trissílabas, cuja sílaba tônica não é tão forte. Disso costuma resultar um
texto frouxo e de pouca expressão, do ponto de vista do som e a sonoridade, a
musicalidade das palavras é bastante importante.
Para o bem do poema, seja livre ou de formas fixas, deveria
sempre ser considerado o uso de palavras oxítonas, principalmente no fim do
verso e também das palavras monossílabas e proparoxítonas. Depois que se introjeta
a importância disso pra boa sonoridade de um texto, instintivamente o poeta
introduz palavras assim e a coisa tende a não soar forçada.
As palavras oxítonas (trovão, farol, plural, carmim, paiol,
engasgou, confusão), com sua tônica no fim, soam fortes. Assim como também as
monossílabas, que por terem uma sílaba só, (com, vão, sim, dom, sol, sal), são
todas necessariamente tônicas. Proparoxítonas também soam fortes, com sua
tônica seguida de duas átonas (flâmula, arquétipo, física, tímida, prática).
Pensando nisso, a título de exercício e com espírito lúdico,
escrevi alguns sonetos que só têm palavras monossílabas e também só com
palavras proparoxítonas. Cito aqui a primeira estrofe de um desses, chamado “No
fim do mar”, uma radicalização visando a ressaltar o impacto sonoro do uso
desses tipos de palavras.
No fim do
mar
Ver o sol se pôr no fim do mar
Luz que flui na cor da flor mais sã
diz por si que a dor não é tão vã
Já nos traz um triz a mais de ar
Poesia como linguagem, não importa que tendência siga, que
vertente e influências, é composta de significado e significante, conteúdo e
forma e a forma conjuga ritmo e sonoridade. Tudo isso junto nos co-move. E a
tonicidade nas palavras que habitam o poema é de preciosa ajuda para que nossos
textos causem essa comoção necessária, sem a qual a poesia seria meio inócua.
Muito interessantes conhecer um pouco mais sobre sonoridade, que imagino, seja um ponto forte de qualquer poesia. Chama a atenção, mesmo sem conhecimento, diria que é o toque mágico na leitura, quando toca a alma com brandura . Parabéns pelo Bla Bla Blog. amei
ResponderExcluirÚnico!
ResponderExcluirvaleu, Diva! Apareça por aqui sempre!
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