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sexta-feira, 6 de março de 2015

Poerria

Pra muita gente, a poesia é o território grave e solene da seriedade, mesmo para leitores habituais de poesia. É meio como se um texto poético só tivesse legitimidade e nobreza no sério, no dramático, no compenetrado, no profundo e circunspecto, sisudo.


Claro que não tenho nada contra nada disso; eu mesmo recorro a esses vieses em meus textos, mas sou avesso a receitas, tanto na poesia quanto na vida, com exceção da culinária, portanto não me furto a canalizar quando em vez, ao poetar, minha veia humorística.

Não sou dos que pensam que o humor deve se exilar nas crônicas, nos sketches de comediantes no teatro e na tv, nos repentes nordestinos (que considero tão poesia quanto a dos poetas consagrados), ou nos textos publicitários. O território da poesia é vasto o bastante para abrigar várias nuances de significante e significado, variados enfoques e temáticas. E a do humor não faz a poesia ser menor. É perfeitamente factível a boa poesia com laivos cômicos, basta ter a medida, ter o senso dessa medida.

Na verdade, o humor na poesia é exercitado também pelos grandes e consagrados autores, só não frequentemente, não é raro constatar isso num Shakespeare, num Drummond, isso sem falar nos mais contemporâneos, como Arnaldo Antunes e Leminski.


A vida é séria e engraçada e a poesia, como reflexo e tradução dela, pode e deve atravessar todos os matizes de tristeza, choro, angústia, ironia, lirismo, alegria e riso desse largo arco-íris que indica o pote de ouro poético em seu final.




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