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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Metáfora dentro


Metáfora é uma figura de linguagem que cria uma imagem para substituir outra e assim significar de forma mais expressiva. No nosso dia-a-dia, não só na Literatura e no Cinema, as metáforas marcam presença. Sorrisos conotando felicidade, dia chuvoso representando melancolia, muitas passam até despercebidas, de tanto que são empregadas.

A poesia é tida como a forma de expressão que mais recorre às metáforas. Os poemas simbolistas usavam e abusavam delas e, de certa forma, contribuíram para sedimentar esse recurso linguístico no imaginário do leitor. Certos autores, poetas ou não, com seu estilo narrativo mais cru e hiperrealista e não romântico, como um Charles Bukowski, chamam atenção justamente pela escassez de metáforas em seus textos.

O Modernismo e o Concretismo também questionaram o lirismo romântico e consequentemente se confrontaram com a escrita metafórica por excelência. A liberdade contemporânea a reabilitou parcialmente, porque é permissiva e multilinguística. Então tanto as formas fixas e livres, quanto os vários estilos sintáticos e semânticos são mais aceitos, num enfoque do “tudo cabe” em arte.


Nesse panorama da livre expressão, me permito mesclar ou alternar o verso livre com as formas fixas e a linguagem realista descritiva com a metafórica. Em Dança, o soneto que se segue, repleto de imagens simbólicas, cujo somatório, numa visão mais abrangente, resulta numa grande e única metáfora.

Dança


Rubras labaredas brotam das narinas
Chão que ao roçar dos cascos se incendeia
Quanta adrenalina quando escoiceia
Resta o recurso de agarrar-me às crinas

Pelos reluzentes, ancas bailarinas
Puro vinho é o sangue a lhe ferver nas veias
Nunca vou cair, selado em densas teias
Mesmo quando galga as dunas cristalinas

Vamos descobrindo ínfimas aldeias
Dois num pulsar a devorar neblina
Segue o nosso rastro um céu que clareia

Brilham negros sóis no olhar que me alucina
Pégaso sem asas, salta e me estonteia
Nu sobre seu dorso vou até a China



  

2 comentários:

  1. Claro que fica um trabalho de alto nível pela beleza das comparações que são feitas. Ao mesmo tempo demonstra uma grande inspiração. Parabéns.

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  2. Muito obrigado, Gilson! Dê-me o prazer da sua visita muitas vezes!

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