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domingo, 6 de maio de 2012

Pontes semânticas


O que nos compele a escrever? Auto diálogo? Sobreviver simbolicamente a nós mesmos? Desejo quixotesco de mudar o mundo? Simples despejar do que nos transborda?

Tem vezes que me sinto “apertado” pra fazer poesia e me torno um chafariz de versos...

Escrever erige pontes. Pros mistérios, pra novas perguntas sem resposta, pro universo do outro, até mesmo pra lugares que não sabemos bem quais são e só vamos descobrir atravessando a ponte.

Escrever alivia. Ilumina a sombra. Escrever é um colete salva-vidas num mar de ressaca. Escrever é rodar pião, soltar pipa, pular corda e carniça, descer ladeira de carrinho de rolimã. Escrever é prazer e até rima. Liga o de baixo com o de cima. Uma palavra puxa a outra, engata vagões, inspira canções, faz boa limonada de azedos limões.

E as pontes que escrever estende são sempre de mão dupla.


Canção das palavras precisas



Preciso escrever poemas
com algo que me desvende
Nada assim com happy end
Sem morais nem nobres lemas

Preciso parir uns textos
Nem que sejam pretextos
pra com palavras brincar
Fingir que não são meu ar

Preciso arranhar garranchos
Fazê-los de finos ganchos
que me soltem de outros tantos
pra mastigar meus espantos

Preciso de uma caneta
pra me tornar um cometa
que vai sem meta e sem medo
em busca do seu segredo

Preciso as palavras, -las
como o céu possui estrelas
como o sol instaura o dia
Inventar mais poesia

Preciso dar-lhes sentido
com sentimento e libido
Precisas ou imprudentes
Doces, cortantes, ardentes

Preciso fazer uns versos
de enxergar o universo
com o estranho olhar do artista
e não perdê-lo de vista

Preciso do verbo escrito
Recorrente ou inaudito
Nos sons, na forma, a canção
que me habi
ta o coração


 Assistam o video baseado no meu livro: http://www.youtube.com/watch?v=RwY7bTSfqpc