Importante

Todos os textos do blog, em prosa e verso, a não ser quando creditado o autor, são de minha autoria e para serem usados de alguma forma, necessitam de prévia autorização.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Poesia atemporal



Voltando um pouco à questão da forma e mais especificamente à das regras e da tradição x contemporaneidade. Como já disse em outro post, aprecio e cultuo as formas poéticas tradicionais, os sonetos, as trovas, redondilhas, decassílabos, acrósticos, simbolismo, parnasianismo, concretismo, enfim. Mas também abro alas para o novo, cyberpoemas, ousadias temáticas e formais, porque, assim como a língua é viva, não estática, com a poesia não poderia ser diferente.

Penso que existe espaço também para o hibridismo, misturar o novo com o tradicional, de modo que toda forma seja contemplada.
Um notório exemplo: o grande, admirado Pablo Neruda tem um livro chamado Cem sonetos de amor, em que não existe nenhuma rima. Fora esse “detalhe”, todos os cem sonetos seguem as regras clássicas de métrica e disposição das estrofes. São belos sonetos.

Escrevi apenas um soneto sem rimas, hoje, um decassílabo. Foi um bom exercício de descondicionamento, assim como meu primeiro haikai foi um um primeiro contato com a extrema concisão.








Ungidos

Impulsionados da maneira certa
os bumerangues cumprem trajetórias
de ida e volta ao ponto de partida
com vento, chuva ou céu de brigadeiro

Um dia um deles quase esbarra em outro
E logo ambos voam paralelos
Algo em comum além de bumerangues
os atraiu de modo irresistível

É que ao contrário dos da sua espécie
os dois são força a impulsionar a si
o que permite o voo de improviso

E ambos ungidos pelo raro encontro
se amalgamaram em nova e eterna rota
de nunca mais voltar ao mesmo ponto



Nenhum comentário:

Postar um comentário