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sábado, 10 de setembro de 2016

Precisões imprecisas


A moral vigente, em quase todo o seu arcabouço encampada por nós, diz que todo prazer tem seu preço.

E com os poetas não é diferente. O prazer de erigir poemas, esculpir versos, lapidar rimas, nunca vem de forma, digamos, absoluta. Invariavelmente vem coadjuvada pela angústia. Parte pelo prazer de escrever em si, parte porque o poeta habilmente a escamoteia, a angústia tem causas variadas. O perfeccionismo é uma doença benigna que assola uma parcela dos poetas. A causa é uma obssessiva e nunca pacífica perseguição à excelência. O efeito toma corpo no medo de não haver o distanciamento e a autocrítica suficientes. Angústia e insegurança que, é claro, se estende aos críticos e leitores, por mais que poetas afirmem que sempre só escrevem para agradar a si.

E ricocheteando entre angústias e prazeres, quando em vez os poetas precisam do leitor como confidente e abrindo janelas com metapoemas, convidam à bisbilhotice consentida, uma espécie de falsa pausa ( o poeta é um fingidor) de suas divagações amorosas ou metafisicas, para falar de poesia. Do processo, do ofício e dessa maneira tão peculiar de ver a vida e falar de amor, de dor, agruras e encantos.

É necessário. E nunca é demais.


Não quero mais


Não quero mais ser poeta
Poetas não matam fomes
Empilham versos e nomes
e fingem que atiram setas

Poeta não vou ser mais
de arroubos nos estribilhos
Melhor conceber mais filhos
Produtos mais funcionais

Estrofes, rimas, lirismo
Amores, dores, encantos
Pra que versejar espantos?
Melhor aterrar abismos

Que o verbo é gozo e tormento
O Inferno no Céu de Dante
Quixote contra Cervantes
Vítimas dos seus inventos

Viro a folha com humor
que a vida é a melhor canção
Mas com uma condição
Que a musa me jure amor



4 comentários:

  1. Lindíssimo o poema!

    Beijinho,
    Ana Martins

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  2. Enfim, não dá para fugir... a poesia é urgente mesmo que o coração do poeta finja a dor que deveras sente...

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  3. O que esconde dentro de teu coração? O poeta respondeu com um singelo olhar. E olhar profundamente emitiu as seguintes palavras: Escrevo para que não sangre. Escrevo para que meu coração possa pulsar. Escrevo para encantos. Sou criador de sensações. E assim vivo. E assim finda todo o meu querer. Querer levar para qualquer lugar um pouco da magia das palavras. Escrever une almas não é mesmo Poeta? Beijos.

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