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sábado, 7 de abril de 2018

De deuses e homens




















                                                                                                           ilustração de Ana Eliza Frazão


Em tempos do modismo dos reality shows na TV e dessa mesmice previsível de tediosa mediocridade da fórmula levada à exaustão, me ocorre que um bem mais interessante, talvez o único, teria como participantes os deuses do Olimpo.

Nada poderia ser mais representativo do humano que esse time. Lá no panteão grego, mais mítico que místico, todas as figuras arquetípicas do homem estão presentes: vícios, virtudes, perfídia, inveja, coragem, ambição, raiva, vingança, amor. Reflexo nosso e com o qual todos em alguma medida nos identificamos. E com uma consistência inspiradora. Só Zeus teria de ficar de fora, porque senão seria como o Barcelona versus o Íbis de Pernambuco, vencedor fácil já conhecido desde o início do jogo.

Deuses da perfeição, infalíveis e implacáveis, nos esmagam, oprimem, angustiam, nos fazem infelizes. Os deuses gregos nos educam, talvez, digamos, de uma forma mais Dionísio que Apolo, mais montessoriana que autoritária e severa.

E nesse BBB mythológico, acho que torceria pra Baco, o deus do vinho e pra Afrodite, a deusa do amor.  
  

                                                             

Despertando

O deus está só, assim 
Nem o vinho lhe traz paz
Imortal, vive demais
Condenado a não ter fim

Uma estrela nasce agora
Outras, prestes a apagar
Eras feito meras horas
Dói sem dor cada acordar 

Sem volúpias, sem urgências
Poder tudo e nada ser
Seus prodígios e ciências
Trazendo um quase prazer

Quisera ser bem mortal
No sangue sentir sabor
Chorar e rir por amor
Viver o essencial 

Querer, sem poder, morrer
Sua sina não querida
Sonho vão de eterna vida
com a vida que iria ter

Foi súbito o despertar
Mortal se viu de repente
Com gosto e cheiro de gente
 Sonhou ou está a sonhar?








3 comentários:

  1. BOM DIA!!!! MUITO LINDO "DESPERTANDO!" EXCELENTE!!

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  2. Felizmente encontrei um poeta. Foi duro viver no tempo dos poetas mortos.

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