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domingo, 8 de janeiro de 2012

Sic transit gloria mundi

De alívios agudos e culpas crônicas

No vale-tudo entre dois morros de medo transita o atlântico pacífico cidadão civilizauto, corretor de textos e imóveis, quase imóvel num congestionamento nasal e de trânsito espremido entre um Golf do México de velho ricaço blindado e um New Beetle, nenhum cover dos Fab Four, antes um Fuscão vacinado e metido a besta e cor de burro quando foge da realidade que, bem, voltando a ela, à dura e fria, ao picolé de vaca, enfim, ao fim e ao cabo-de-guerra, o nosso correto corretor de imóveis ou da Bolsa & a Vida, nem sei, aflito seguia REX, que era o prefixo da placa do Golf da frente, tola mania entediada sua de reparar em placas de carro que ao acaso (nada é por acaso, diria a chatinha da sua enteada toda penteada e também entediada que exo ou esotérica) e sem querer (que a intenção está em quem , diria outro chato, não por acaso ele mesmo) significam algo como ARM é braço, LAY é deitar, o que o faz lembrar de uma canção do Dylan que em garoto o levava a pensar em lubricidades maravilhosas e lubrificantes; LEI, que é lei mesmo (seria a placa de um policial português da Interpol disfarçado?), DOM, que poderia ser o carro, por acaso sincrônico, de uma grande vidente e por afora.

Aflito estava então, antes e depois desse lapso-lázuli de zen escapismo, assaltado pela tênue angústia clara e proustiana e quem mais chegar, da Joyce ao James Joyce e assaltado pelo Sem Grana pra um Dolce & Gabana, nem mesmo pruma bagana e Sem Teto pra conseguir autorização da torre decolar e descolar qualquer ínfimo alpinismo social club com buena vista em Cuba ou nem que fosse em Cubatão.

E se foi o Tissot de precisão suíça. Bem, antes isso do que virar queijo suíço, virar chouriço, levar sumiço e males que vêm pra bem, todo homem de bem e positivista por (loja de) conveniência e (preço de) ocasião (olha o corretor) sempre acaba sacando essa do colete à prova de balas não diet pra seu vibrante consolo. Afinal o melianti-social, o lúmpen eritematoso que nem o matou, acabara de aliviá-lo de uma das angústias pela ex-paz módica paga de um mero,transitório bem material: desprovido do tirânico artefato que assinala o inexorável tempo que nos esmaga , foi-se, pelo menos por um tempo, mas um tempo sem aquela precisão maníaco-depressiva-obssessiva da perda de tempo esvaído no trânsito, nos trâmites bureaucráticos, nas transmissões de eventos desnecessários, nas trepadas apressadas, desleixadas ou sem entrega, nos truques contra si mesmo, nas trilhas que de antemão ele sabia que iriam levá-lo de volta à estaca zero.

Dessa pausa refrescante e quase breve como um Kolynos ele teve consciência, até a aquisição de nova, bela, quem sabe ainda mais precisa e moderna máquina infernal e infalível no lembrá-lo todo o tempo da sua incapacidade ou falta de coragem de viver mais pleno e livre. não sabia aindaquestão de pouco tempoda permanência impermeável water resistent, da outra angústia: a de que um simples relógio caro subtraído é muito pouco pra aplacar sua culpa.

E por falar em aplacar, eis que o Golf da placa REX vira numa transversal aldirblanquiana do tempo e à sua frente agora ronrona um Jaguar verde musgo que não fugiu de nenhuma mata. A placa: END.

Do que?




Um comentário:

  1. Caraca Dias! Adorei essa sua viajada literária! Puta viagem na cultura e nas idéias. Parabéns!
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    Bjs

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