A rima é prima da música, canção quase sempre rima,
repentista rima bem e fácil e veloz. Rima-se no papel e na voz, nós rimamos por
instinto e tradição, rima é mnemônica até no Eduardo e Mônica. Rappers rimam
feito ímã que atrai o som, rimar é bom mas Neruda, não se iluda, fez sonetos de
amor sem rima alguma. Leminski e Millôr, agudo humor, puseram rima em haicais
geniais, aliás Shakespeare rimava mas poeta atual manda às favas rima escrita e
verbal. Rimar é o mar que ri porque o poeta remar lhe causa cócegas. Rimar às
cegas é como poça no fim do escorrega mas rimar com verve o poema ferve. Rima
rica rima pobre e preciosa, se a alma goza e não é pequena rimar vale a pena. Rima
é facultativa mas se surge a diva ao luar como não rimar?
Devir
Dia virá
em que a ostra
porá à mostra
sua pérola íntima
Dia virá
em que Buda, Krishna, Cristo, Alá
serão um só
e ouro em pó vai revestir
os pregos do faquir
e a Aurora Boreal
Dia há de vir
em que nada fará mal
e o desigual será matiz
de todo igual que lhe é matriz
E nesse dia
a poesia se dirá
mesmo em silêncios
Lindo!
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