Quero
compartilhar com vocês, numa espécie de “making of” por escrito, a história de
um auto desafio.
Volta e meia
me proponho algum tipo de desafio poético, em parte por espírito lúdico e
também para me instigar a romper limites, sair da zona de conforto e tentar
escrever alguma coisa com a qual não esteja acostumado.
Num desses
momentos quis escrever um soneto que só tivesse palavras monossílabas. Escolhi logo
a forma poética mais elaborada e difícil de fazer, dados os rigores formais da
sua construção: dois quartetos e dois tercetos, rimas com estruturas restritas
e métrica única e precisa. E para mim o desafio só teria graça se esses cânones
do soneto fossem seguidos à risca. A dificuldade extra e a mais saborosa para
mim, era a obrigatoriedade das palavras monossílabas.
Cabe
ressaltar que a língua portuguesa é pobre em palavras monossílabas. A língua inglesa,
ao contrário, é pródiga nelas. Existem em inglês muitas palavras de um som só e
que têm cinco letras, algumas até seis, como smile, strong, trough, entre
tantas.
Outra regra
que me impus foi a de não consultar dicionários. Todas as palavras usadas no
soneto então teriam que vir da minha memória.
E assim foi e o soneto saiu, todo
correto e também com sentido. Eu não admitiria meramente amontoar palavras em
versos e estrofes que não tivessem significado. Até o título coerentemente teve
só monossílabas.
Bem...soneto
pronto, desafio cumprido, satisfeito com o resultado, uma afirmação meio
atrevida me veio: Quem faz um, faz dois!
Mais isso é papo pro post seguinte...
Sem rei nem réu
Com a tez sem cor
Ar de ser tão só
Lá no mar de pó
Jaz um deus em flor
Fez o mar dar nó
Fez um lar do Caos
Leis do Bem e Mal
Riu da dor de Jó
Só que foi tão bom
que nos deu o dom
Voz do sim e não
Já não há mais céu
Nau sem rei nem réu
Nós e o deus no chão
Parabéns pelo desafio imposto e cumprido. Aliás, muito bem cumprido uma vez que saiu um texto lindo, com muito sentido e sentimento. Já estou curiosa para ler o próximo! Bjs
ResponderExcluirObrigado, Roseli! A
ResponderExcluirsegunda parte já está postada!
Que bom acompanhar os sonetos. As palavras se articulam em puro deslumbre...
ResponderExcluirBeijos!!!