No post anterior, narrei o início da minha ínfima saga no
auto desafio de escrever um soneto que contivesse apenas palavras monossílabas.
Como atingi a meta, a satisfação com isso me fez um pouco mais ambicioso, daí
ter surgido a exclamação mental: quem faz um, faz dois.
Parti então para a novamesma tarefa, com minha mente já
vagando pelo semiárido vernacular monossílabo. Minha proposta tinha o rigor
adicional de ser vedada a consulta a dicionários. É claro que uma ou outra
palavra do primeiro soneto iria se repetir, mas procurei minimizar essas
intercorrências. Uma ideia seria variar o tema. O primeiro soneto dessacralizava
Deus. Quis então nesse segundo dar um matiz histórico-sociológico.
Um detalhe técnico que acho curioso: tanto o primeiro quanto
o segundo soneto foram em redondilha menor, cinco sílabas métricas, ou seja,
dois sonetilhos, que por seus versos curtos, têm um quê de mais modernos e some-se
a isso a identidade entre o tamanho reduzido dos versos e das palavras monossílabas.
Quem faz um, faz dois. E duos aspiram a trilogias? No próximo
post, o desfecho.
Pra lá do caos
Já se vão dois mil
Trem que sai de ré
Rã que vai a pé
Crer no que se viu?
Luz não cai do breu
Paz é por um triz
Só não dói se ris
Viu o nó que deu?
Bem pra lá do caos
Pós a pá de cal
São dois mil reis nus
Chão que dá o grão
Mel não flui em vão
Cais num mar de luz
E é gostoso ler em voz alta...as palavras nos deliciam em significantes e significados...Acho que elaborar um soneto tem muito dessa coisa do bailar sonoro das palavras...
ResponderExcluirNovamente, belo!!!!