Antigamente, e até pouco mais de uma década atrás, por volta de 1997 A.I. (Antes da Internet), o artista era uma ilha. Criava numa reclusão só rompida quando se navegava até a ilha pra tomar ciência da sua produção. Toulouse Lautrec frequentava o bas fond parisiense, Hemingway brigava nos bares, mas não era lá que perpetuavam pinturas e romances. Claro que a produção dos mais ilustres escoava via editoras, galerias, gravadoras, estações de rádio e tv e nos cinemas e teatros, mas não da forma massiva de hoje, que inclusive criou espaços pros desconhecidos. A hoje dita mídia já existia, mas navegação era só termo náutico, pq a internet ainda não existia, esse mar navegável por todos e pra todos os destinos e calados de embarcações e profissionalismo ou amadorismo dos navegantes.
É indiscutível que o mundo, a vida, passaram a se subdividir em antes e depois da internet, para uma infinidade de coisas e isso inclui a arte e seus modos de pensá-la, produzi-la, divulgá-la. Hoje, o artista, cria quase que em tempo real, já que tem à mão chats, blogs, redes sociais, grupos de discussão, sites temáticos muitas vezes até segmentados dentro de um determinado tema.
Eu mesmo tenho canções minhas no myspace, escrevo este blog e sou membro de uma confraria virtual de poetas que não se restringe à virtualidade e pela internet tenho feito parcerias de interação entre artes com gravuristas, fotógrafos, compositores e mesmo poetas, em textos a 4 mãos e coletivos. O vídeo que divulgo aqui: http://www.youtube.com/watch?v=RwY7bTSfqpc com meus haicais e gravuras e animação de Ana Eliza Frazão, é um exemplo de uma interação e sinergia entre diferentes formas de arte, perfeitamente possível via internet.
O que vejo de mais estimulante e proveitoso nessas interações e intervenções não individuais é que isso resulta em retroalimentação criativa pra cada um. Um simples desafio proposto num grupo de poetas, ou um parceiro novo que se vislumbra, pela afinidade estética que se revela, enriquece a produção de cada um e das parcerias, faz crescer a produção em quantidade e qualidade.
Texto de Jorge Ricardo Dias e nanquim e litogravura de Ana Eliza Frazão
Fotografia de Cláudia Jacobovitz
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