Importante

Todos os textos do blog, em prosa e verso, a não ser quando creditado o autor, são de minha autoria e para serem usados de alguma forma, necessitam de prévia autorização.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Equação poética

Num poema erótico, de amor, é mais comum a narrativa na primeira pessoa, pelo óbvio fato de ser temática que remete quase de forma inevitável ao eu. Os textos que fogem a este padrão são quase exceções. O alvo desse amor e paixão pode ser foco exclusivo do texto, como num retrato, mas a exclusão do narrador, ou seja, sua ausência “da cena”, dota o poema de ares de idolatria, voyeurismo, mais que de amor, de parceria e troca.
O meio termo é um caminho, onde o objeto do sentimento-desejo está no foco, no cerne do texto, sem a exclusão do narrador e então o outro e o eu são contemplados (no duplo sentido da palavra) e a primeira e a terceira pessoa do singular dão lugar à primeira pessoa do plural. Dessa dinâmica brota o calor e empatia do leitor com o poema.
O eu do autor está presente, mas como fator de uma soma e não como uma unidade indivisível e “imultiplicável”.



Pas-de-deux


Almas nuas ao despir roupas carnais
entrelaçam-se e ficam muito juntas
O fluido corporal que convida e unta 
não se resume aos instintos animais



E é por ser prazer da alma liquefeito
que o gozo é êxtase ainda que breve
E quanto mais profundo tanto mais leve
Como cabe a todo pas-de-deux perfeito



Ficas zonza porque a alma quer decolar
Mas a matéria lhe rouba combustível
Corpos em fusão não vão se descolar



Denso e sutil pulverizando o impossível
Bom ser infantil, sugar o polegar

e ousar tentar fruir o inatingível  


                    Assistam o vídeo baseado no meu livro: http://www.youtube.com/watch?v=RwY7bTSfqpc    

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Interno e externo


Mais um poema que conta uma história. Dessa vez em parceria com a pintura expressiva de Guilherme Constantino.


Enquanto sonha


O corpo de aluguel não vem sozinho
A alma que o habita é de graça
A bruta criatura que o abraça
não sofre a economia de carinho

O verbo amar é o quarto conjugado
O gozo simulado é pra esconder
o verdadeiro gozo que é ter
no escuro enfim seu príncipe encantado

Enquanto sonha afia o canivete
Não ser mera tragédia das manchetes
é o sonho mais palpável do momento

E a tara que mais pede a clientela
é a noiva virgem das telenovelas
que um dia ela usará no casamento

 

domingo, 6 de maio de 2012

Pontes semânticas


O que nos compele a escrever? Auto diálogo? Sobreviver simbolicamente a nós mesmos? Desejo quixotesco de mudar o mundo? Simples despejar do que nos transborda?

Tem vezes que me sinto “apertado” pra fazer poesia e me torno um chafariz de versos...

Escrever erige pontes. Pros mistérios, pra novas perguntas sem resposta, pro universo do outro, até mesmo pra lugares que não sabemos bem quais são e só vamos descobrir atravessando a ponte.

Escrever alivia. Ilumina a sombra. Escrever é um colete salva-vidas num mar de ressaca. Escrever é rodar pião, soltar pipa, pular corda e carniça, descer ladeira de carrinho de rolimã. Escrever é prazer e até rima. Liga o de baixo com o de cima. Uma palavra puxa a outra, engata vagões, inspira canções, faz boa limonada de azedos limões.

E as pontes que escrever estende são sempre de mão dupla.


Canção das palavras precisas



Preciso escrever poemas
com algo que me desvende
Nada assim com happy end
Sem morais nem nobres lemas

Preciso parir uns textos
Nem que sejam pretextos
pra com palavras brincar
Fingir que não são meu ar

Preciso arranhar garranchos
Fazê-los de finos ganchos
que me soltem de outros tantos
pra mastigar meus espantos

Preciso de uma caneta
pra me tornar um cometa
que vai sem meta e sem medo
em busca do seu segredo

Preciso as palavras, -las
como o céu possui estrelas
como o sol instaura o dia
Inventar mais poesia

Preciso dar-lhes sentido
com sentimento e libido
Precisas ou imprudentes
Doces, cortantes, ardentes

Preciso fazer uns versos
de enxergar o universo
com o estranho olhar do artista
e não perdê-lo de vista

Preciso do verbo escrito
Recorrente ou inaudito
Nos sons, na forma, a canção
que me habi
ta o coração


 Assistam o video baseado no meu livro: http://www.youtube.com/watch?v=RwY7bTSfqpc

                                                                                    

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Imaginário legendado

                                                   ilustração de Ana Eliza Frazão


Meus queridos leitores e seguidores, postei no Yutube um vídeo produzido pela Ana Eliza Frazão, baseado no nosso livro que em breve será publicado, com meus haikais ilustrados por ela. É só clicar no link abaixo pra assistir. Espero que gostem e se animem de depois comprar o livro!


                                       http://www.youtube.com/watch?v=RwY7bTSfqpc&feature=youtu.be



                           
                             
                                                      ilustração de Ana Eliza Frazão