Importante

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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Palavras são pontes


O que nos compele a escrever? Auto diálogo? Sobreviver simbolicamente a nós mesmos? Desejo quixotesco de mudar o mundo? Simples despejar do que nos transborda?

Tem vezes que me sinto “apertado” pra fazer poesia e me torno um chafariz de versos...

Escrever erige pontes. Pros mistérios, pra novas perguntas sem resposta, pro universo do outro, até mesmo pra lugares que não sabemos bem quais são e só vamos descobrir atravessando a ponte.

Escrever alivia. Ilumina a sombra. Escrever é um colete salva-vidas num mar de ressaca. Escrever é rodar pião, soltar pipa, pular corda e carniça, descer ladeira de carrinho de rolimã. Escrever é prazer e até rima. Liga o de baixo com o de cima. Uma palavra puxa a outra, engata vagões, inspira canções, faz boa limonada de azedos limões.

E as pontes que escrever estende são sempre de mão dupla.



Meta-bólica


Comi um poema
até o talo
e ao mastigá-lo
por entre os dentes
umas palavras
(que insolentes!)
se intrometeram
feito pingentes
num trem urbano

E eu, espartano
quis palitá-las
banir as pobres
vernaculares
dos novos lares
cuspir nos ares
Não fui tão nobre
Fui refratário
Quis rejeitá-las

Mas ao cuspi-las
involuntário
eu declamei
novo poema
do mesmo tema
que degluti
E as palavrinhas
ficaram minhas
não mais sozinhas
Comigo aqui