Importante

Todos os textos do blog, em prosa e verso, a não ser quando creditado o autor, são de minha autoria e para serem usados de alguma forma, necessitam de prévia autorização.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Tempos

O post anterior, poesia atemporal, me remeteu, mais uma vez, ao tempo, tema recorrente em meus poemas. A propósito, vi uma declaração do Dalai Lama, que transcrevo:

Perguntaram ao Dalai Lama o que mais o surpreende na Humanidade. Ele respondeu: "Os homens, porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde e por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro e vivem como se nunca fossem morrer...e morrem como se nunca tivessem vivido."

Mesmo bem antes de tomar contato com o pensamento budista e taoista, eu já nutria simpatia pelo presente, a ponto de considerar passado e futuro armadilhas escapistas. Passado que não existe mais, é só lembrança e referência e futuro que não existe ainda e o presente como recheio real desse sanduíche e que se move nesse louco continuum.

E nossa subjetividade, nossas emoções, exilam o tempo cronológico e abrem espaço para o tempo paradigmático, que faz o tempo até parar, e nosso corpo é nesse momento máquina do tempo a nos levar a essa paradoxal viagem sem sair do lugar.



Trunfo


O tempo, essa cobra
manobra insidioso
no prazer e gozo
de não se deixar ver
E espreita por estreitas fendas
agendas, armários
calendários, nichos
Bicho perverso
Não se faz reverso
nem por um momento
E a vida é esguicho
Quando se vê
Cadê você
com seu unguento
que mitiga
a briga com o espelho
e a dor no joelho?


O tempo
Mestre do engodo
te acompanha o tempo todo
com falsas barganhas
Cactos se fingindo de pactos
E entre silêncios que afogam gritos
e veludos que são granitos
No breve intervalo
entre parto e morte
somos seus vassalos
felizes com a sorte
de ter uns regalos
que tornem amenos
invernos e infernos
E um triunfo ao menos
sobre nosso algoz
que é quando nós
não importa
se ilusão ou não
deixamos que a paixão
nos estufe a aorta
Qualquer quando e lugar
que faça o tempo parar





Nenhum comentário:

Postar um comentário